Enviado por admin em ter, 11/23/2010 - 00:00
Português, Brasil

O Plano Metropolitano da RMBH está desenvolvendo uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE) com o objetivo de democratizar e facilitar o acesso às informações existentes e a serem criadas sobre os 34 municípios da região e as 14 cidades do colar metropolitano. “A ferramenta é um conjunto de tecnologias, políticas e pessoas necessárias à promoção do compartilhamento de dados geoespaciais em todas as esferas públicas, privadas e sociais”, conforme explica o professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC/UFMG) e responsável pelo projeto, Clodoveu Davis.

A premissa de elaborar um planejamento integrado dos vários municípios - abordando 30 temas distintos e ao mesmo tempo interligados - estabelece a necessidade de se criar um banco de dados para a formação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Entretanto, este implicaria na escolha de uma tecnologia específica que deveria ser dominada por todos os usuários, dificultando o acesso aos dados. Em contraste, uma IDE permite o acesso a dados, via internet, sem a necessidade de se fazer downloads ou copiar arquivos. Davis conta que a disponibilização da ferramenta é feita por meio de software livre, de operação facilitada e concentrada em um geoportal (web site).

Com a IDE, uma grande coletânea de dados que configuram o mapeamento urbano, contendo informações ambientais, econômicas e sociais, será disponibilizada em um ambiente neutro e acessível em tempo integral. Os especialistas das áreas envolvidos no Plano poderão trabalhar simultaneamente com dados geográficos básicos e gerar novas informações sobre a região. Ao acessar o portal, os usuários encontrarão um catálogo de metadados que permite buscar as informações disponíveis e descreve, por exemplo, a fonte, a escala, a área de cobertura, as coordenadas utilizadas e informações sobre a instituição responsável pelos dados.

O projeto é um dos elementos estruturantes do Plano, mas também se configura como uma importante ferramenta de gestão, uma vez que o paradigma que se quer quebrar com o Plano é a tomada de decisões considerando cada cidade isoladamente. Experiências pioneiras de criação de IDEs estão concentradas na União Européia. No Brasil, a criação deste tipo de projetos ainda é recente. A IDE nacional (INDE), comandada pelo IBGE, foi lançada no final de abril e estados como São Paulo e Bahia estão desenvolvendo suas ferramentas. Alguns dos benefícios de se criar uma IDE são a promoção do ordenamento e armazenamento adequado, o compartilhamento e disseminação de informações e evitar a duplicidade de ações e desperdício de recursos na obtenção de dados.

As informações compiladas pela ferramenta podem ser interligadas a outras IDEs municipais, estaduais, nacionais e de outros países, unificando o acesso a dados. A perspectiva, de acordo com os pesquisadores do Plano, é que IDEs sejam criadas e interligadas pelo mundo afora. Entretanto, ainda não há uma definição nacional sobre a liberdade de publicação dos dados. Os Estados Unidos, por exemplo, têm legislação que obriga a publicação de todos os dados que não sejam sensíveis (estratégicos). No Brasil, o plano de ação lançado quando da criação da INDE só prevê a disseminação de dados federais, deixando aos estados e municípios e institutos de pesquisa privados e filantrópicos a decisão de publicar ou não seus conteúdos por meios compatíveis com a INDE.

A criação da IDE do Plano Metropolitano está atualmente na fase de consolidação dos bancos de dados e elaboração de recursos de visualização dos dados via Web. Segundo Davis, o projeto tem potencial para se distinguir das demais IDEs existentes e em criação no País por possibilitar o registro histórico dos dados ao invés da simples atualização destes, se assim desejarem os futuros operadores da ferramenta após a conclusão do Plano.